segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Inverno autômato

 O frio lá fora bate sem se importar

Gela as casas, as vidas, as situações.

As mentes tão povoadas de problemas

Gritam por socorro nesse inverno tão denso e amargo

Uma gelidão dessas, uma pandemia dessas, uma sem importância como essa...

Tsc, tsc, tsc, não vamos tão longe.

Era para estar sendo tudo diferente

Era para o mundo todo estar se importando

Não era para conseguirmos sentir esse gelo de inverno

A morte hoje é só um acessório incômodo, que vai passando por aí.

Tanta falta de amor, tanta "gratidão" vomitada...

Aonde chegamos? Para onde estamos indo? Conseguiremos? Com esse inverno violento?

É de se pensar que o ser humano é o mais evoluído dos animais

Mas que evolução egoística é essa? Como podemos deixar tudo isso acontecer?

Como não tentamos "aquecer" todo esse sofrimento

Nos desenfreamos em atitudes hipócritas

E hipocritamente vamos levando essa farsa adiante

E o inverno não pára, segue cortante, colossal.

Em tempos como esses o errado vira a regra

Contamos nos dedos quem realmente "existe", e quem apenas representa.

Deixamos pelo caminho marcas e impressões, que mais adiante servirão de alerta a quem vier.

Perdemos as pessoas que na verdade nunca havíamos tido

E a percepção disso tudo é tão fria e brutal quanto esse inverno surreal

Aí você se sente diferente, triste, mas diferente.

É uma sensação de impotência e "tanto faz" que vai dominando

E você apenas segue, levantando seus clamores aos céus, em busca de proteção e amparo.

Mas o inverno segue forte, e você quase não ouve seus pensamentos.






Nenhum comentário: